quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Óculos escuros

As pessoas estranham.
Quando uso óculos escuros à noite.
As pessoas riem.
Quando uso óculos escuros em meio à tempestade.
Mas ninguém percebe no meu íntimo.
O quão sofro.
O tanto que deveria chorar!
Encontro nas lentes escuras.
Um labirinto para meu marasmo.
Um bloqueio para minha tristeza.
Que não pode transbordar.
E atingir quem amo.
Os óculos escuros me protegem.
Escondo-me dos olhos julgadores.
Dos olhos sofredores.
Sinto-me preparado para olhar.
Fitar os vorazes olhos do acaso.
Contenho minha maldade.
Enalteço minhas fraquezas.
Perco o olho no olho.
Importante para a intensidade das relações.
Mas assim, me sinto um pouco menos estranho.
Nem tanto monstro.

Mais humano!




segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Reencontro

Ainda procuro por um amor que perdi...
... e nunca mais encontrei!
Alguma parte que se perdeu.
Foi embora!
Sem dar o “Adeus” que precisava.
Procuro por uma paixão do futuro...
... que ainda não conheço.
Que um dia me fará feliz!
Procuro encontrar um outro “eu”.
O qual perdi entre tantas incertezas.
E não sei se um dia o encontrarei...
Enquanto não resolvo o que não posso relembrar.
Vou vivendo meu mundo de hastes fracas.
Porém com estrutura estável!
Por enquanto, espero este reencontro.
Que pode ser um olhar.
Que pode desenrolar...
... o mais entrelaçado dos atos que não aconteceram.
Espero por um reencontro com o amor.
O “Amor” como entidade intensa...
... que me dá asas!
Que me faz sorrir!
Que dispensa ressurreições!

E me faz levitar quando fecho os olhos!




sábado, 28 de junho de 2014

Como-somos e cromossomos

Somos assim.
Tão complexos e tão simples.
Tão humanos e tão metálicos!
Sou infinito.
Sou zero...
Como-somos!
Temos fome.
Temos sono!
Instáveis emocionalmente.
Limitados!
Cromossomos!
Fome de humanidade...
Limitados na complexidade.
Zeros metálicos.
Infinitos nas emoções!
Simples nas instabilidades!
Tão ele, tão você, tão eu...

Como-somos e cromossomos!



sexta-feira, 27 de junho de 2014

Lambendo o mofo das gravatas

Burocracia!
Troca de favores!
Ficar rasgando seda!
Normas, leis, estatutos, ofícios, controle!
Não tenho estômago para isso.
Não quero agradar os outros, nem a mim mesmo.
Quero apenas ser digno.
Magnatas do poder rodeados de bajuladores não é minha praia.
Escravos técnicos do sistema!
Tudo pode ser tão simples, tão harmônico, tão democrático.
Desacredito seriamente neste jogo de manipulações que não chega a lugar algum.
Não lambo o mofo das gravatas destes juízes sem escrúpulos, destes políticos corruptos, destes doutores sem educação, destes jornalistas sem alma.
Sou um desalinhado e ninguém vai me tirar o direito de escolha.
Podem me cortar os braços, mas nunca vão cortar meus pensamentos.
E você?

Vai continuar com a língua neste mofo todo?




sábado, 14 de junho de 2014

Odeio-te com todo meu amor

Odeio-te!
Detesto-te!
No âmago da minha ira.
O meu amor é seu...
... e de mais ninguém!

Digo que odeio só para dizer que te amo!
Eu sei...
É um insano sentimento.
Que me traz tanto tormento.

Amo-te!
Adoro-te!
E essa felicidade ardente...
... só meu ódio pode disfarçar.

É um misto de emoções que me faz ter razão.
Faz fugir dos riscos.
Pois é assim que gosto:

Odiar-te com todo meu amor!




segunda-feira, 12 de maio de 2014

Eu era, eu sou, eu não sei!

Eu era...
Eu fui...
Durante várias eras me construí de muitas versões de mim...
... e me desconstruí em um ser atual.
Uma projeção do passado.
Uma análise do futuro.
Um meio termo inacabado!
É o que sou.
A eterna contradição de desprezar os sentimentos temporais.
Sou o que veio e não passou.
O amor que foi projetado e sequer vingou.
Sou o beijo não dado.
O olhar desviado!
Sou o que fui...
... e o que serei!?
Sou o paladino do pretérito imperfeito.
Sou a mira não acertada.
A tentativa certeira.
O avarento feliz.
O senhor que senta na beira de sua vida e sorri.
O jovem que olha para o último fio de vida e sucumbe.
Hoje me acho um idiota tentando prever um eu melhor.
Mas daí lembro que o idiota de hoje é o ser requintado tão sonhado em outrora...
Somos muito menos que um somatório de lembranças...
... e muito mais que um produtório de expectativas!
Em tese sou um, em prática sou vários!
Essa reflexão vai muito além de ser feliz ou não.
Ela entra no âmago do que somos quando o tempo varia...
... e do que somos de acordo com nossa visão atual fixada!
Eu era o que passou.
Eu sou o que lembrei e o que desejo.
E do que vem eu me orgulho em dizer: eu não sei!







Quando o amor acabar

Não sei o que é certo.
Não sei se escrevemos certo por linhas tortas.
Por que o amor nos estraçalha?
Por que fazemos planos?
O que sei é o que imagino.
E o que se faz é demasiadamente vazio.
Eloquentemente sucinto!
Às vezes me pego perdido nas conjecturas.
Nos amores esculpidos na parede da solidão.
Nas lembranças recauchutadas.
Cegas pela teoria do final feliz!
Gostaria de ser mais forte.
Em certos momentos, mais truculento.
Todos sofremos!
Alguns parecem mais resistentes.
Mas da sinceridade do eu-mesmo não podemos escapar!
Uns se acham maduros.
Agentes de um amor.
E eu aqui, lutando contra!
Ignorando um sentimento mal resolvido.
Triste por ser este ser incapaz de amar.
Desprovido da humanidade de ser feliz.
Um estranho para cativar a alma gêmea...
Se é que ela existe!
Mas assim seguirei...
... até o dia que eu aguentar!
Até o dia que essa não-presença me sufocar.
Matar meus anseios...
... e liberar os demônios que tenho escondidos!
Quando isso ocorrer, não imagino o que serei!
Nem quero pensar...
... na minha vida quando nenhum amor eu abraçar!




quinta-feira, 8 de maio de 2014

Khronos

Pai das estações.
Remédio dos esquecidos.
Senhor de nossas ações.
Regente dos paradigmas estabelecidos.

Poucos sabem como és.
Harmonia e caos.
Fazem-nos render a teus pés.
Beijar misericordiosamente tuas mãos.

Tempo é tudo que queremos e nos mata.
É tudo que temos e nos falta.

É tudo o que precisa um coração ferido.
É o que seca as lágrimas do adeus sofrido.

É tempo de tudo.
Tempo de nada.
Tempo para decifrar o mundo.
Cada um com sua sorte dada.

Ao certo nem sabemos o que é.
Só sabemos que ele permeia nosso ser.
 

Vai de cada fé...
É relativo, é mítico, é poder!

Muita filosofia, muita ciência e eu aqui perdendo tempo...
... para te dizer que tudo passa!

Até uva passa!




quarta-feira, 7 de maio de 2014

A noite vem me levar

A noite está perto, quase chegando...
Eu, com o olhar turvo, percebo as luzes esmaecendo...
Não consigo resistir a esse sono. É mais forte do que eu...
Tudo foi muito bom!
Sinto-me feliz!
Hoje a noite veio quando deveria...
É a hora certa!
A noite vem, o dia vai, os olhos fecham...
O que é artificial é tão somente um engano...
Da noite ninguém escapa!
Vir-me-ei a ser estrela? Não sei...
Só sei que estou pronto...
Na cama deitado... braços abertos, olhos fechados.
A noite chegou...

... e em seu colo, agora me despeço!




sábado, 15 de março de 2014

Sempre apaixonante

Sempre me lembro de te esquecer.
Mas não consigo...
Ainda acho que seu sorriso um dia me olhará!
Não rasguei os planos.
Não me esqueci dos dias em que...
... sua felicidade vinha me colorir.
Eu era um bobo!
Que morria da sua paixão ignorada.
Que ainda sente falta daquele beijo que não houve...
Do futuro que não existiu.
Por que tudo teve de ser tão sutil?
Há tempo para tentar novamente!
Mas a proximidade da distância já corroeu um lado da maçã.
E o que sobra é a saudade do futuro do pretérito...

... mergulhado no ressurgir da desconfiança da mesma paixão!




terça-feira, 11 de março de 2014

Amor sem vergonha

Ahhh como é bom amar!
Amar sem se preocupar...
Sem se importar com os outros!
O importante mesmo é ser feliz.
O amor acontece e definitivamente...
... amar é um verbo despretensioso!
Não escolhe raça, idade ou credo!
O problema está nos outros...
Talvez porque não amem...
Ou não se contentam com seus "amores"...
As pessoas veem problema em tudo!
Porém, qualquer um que ver problema num amor verdadeiro...
... estará sendo nada menos que leviano!
Vamos deixar as pessoas se amarem mais...
Aquele amor sem vergonha...
Sem esteriótipos...
Vamos amar sem medida!
Louvar a felicidade do amor alheio!
Imagina como seria bom se todos amassem?!
Vamos nos importar menos com o que parece ser...
... e focar nos nossos amores!
Pois vergonhoso mesmo é não ter um amor!






segunda-feira, 10 de março de 2014

Falta

É inevitável!
Todos sentem falta...
Mas a falta mais sutil...
... é a falta das pessoas que deixamos para trás.
A vida? A convivência? Eu?
Não faço culpados!
Mas é doloroso pensar!
Temos momentos gloriosos e...
... numa singularidade de desafetos o caos ressoa!
Um para cá, outro para lá...
Eu te odeio!
Faz muito tempo...
Tudo é motivo para o velório da conexão pessoal!

Por vezes somos deixados também...
Seria o outro lado da moeda?
Não sei...
Só sei que a dinâmica da vida, se houver, é confusa...
... porém ilimitada!
O que foi pode voltar...
E o que é pode se tornar uma mera lembrança...
Uma atitude? Uma espera?
Não imagino o que resolve...

O que sinto é falta!
E ela coça muito...
Se é bom ou ruim, pouco importa...
... o fato é que todos devemos repensar esse sentimento hipócrita!





domingo, 9 de março de 2014

Parece

Parece amor, mas não é...
Parece dor e talvez seja!
Falando assim pareço vago até.
Os pareceres da vida finalmente se encontram em peleja...
O ser nunca pareceu tão calado!
As virtudes da amizade não aparecem!
As pessoas cada vez mais parecem algo...
... e menos humanas parecem!
Parecer parece bom?
Não parece para mim!
Por vezes sinto falta de um sorriso singelo...
Do olhar leal e sereno!
Talvez o ar mudou...
Ou essa malemolência é tão contagiante...
... que parece que tudo se transfigurou!?
Mas não acredito, ao meu ver só parece!
E o meu parecer sobre tantas aparências é um só:
Não me parece que parecer seja uma filosofia boa o bastante "para ser"!